segunda-feira, agosto 21, 2006

Um Amor de Encadear os Tempos...


- Lu... como chama aquela poesia da Elisa Lucinda mesmo?

- De qual delas você está falando exatamente V.?

- Aquela que fala sobre o amor! Quando o amor chega ou algo assim... Nossa!! Tão lindo aquilo...("sensivelmente" emocionada)

- Claro! Eu sei de qual você está falando... provavelmente você fala sobre A Chegada do Amor...


Inicio o meu post de hoje com o diálogo que me deu mais que mil motivos para falar sobre Elisa Lucinda e postar uma de suas sensíveis poesias...
Quando me deparo com as obras de Elisa, vem a gula! Um desejo incontido de engolir as palavras numa compulsão que ecloda em digestão orgástica. Vem a contemplação...
Especialmente para minha querida amiga "Sherbroo ke", que me falou dessa poesia em especial com tanto carinho e emoção...

Não era para menos... nem um pouco mesmo!
E claro..! Para todos vocês... e para mim...!
Que a chegada do amor seja leve como uma brisa e ardente como um vulcão... e que principalmente seja capaz de AMAR...




Da chegada do amor

Elisa Lucinda


Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.


Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que sua estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse.

Um comentário:

Anônimo disse...

E quem não deseja um amor como esse, por mais impossível que ele possa parecer?
Na verdade, acho que nem é esse amor todo que esperamos e desejamos. Esperamos apenas o amor. Amor companheiro, amor sincero, amor sem medo. Só isso...
E que ele venha e seja recebido por nós de braços e peito abertos!
Beijos procê!