segunda-feira, outubro 30, 2006

Vitória Nossa de Cada Dia???


Para pensar...
Grande "tapa na cara" de muita gente...
E vocês, caros amigos? Se enquadrariam nessa pseudo vitória??
Pouco para quem sonha mais... acho que podemos alcançar vôos mais altos, sem temer a queda, porque acreditamos piamente na "corda" do para-quedas...

A minha "corda" é o meu coração, por isso creio tanto!
E se a corda falhar??? Ora!!!! O que, ou quem, nunca falhou??? Tentamos de novo!! haha
Dispostos? Essa a grande interrogação que permanece: disponibilidade e o tão famoso "querer", um dos poucos capazes de nos mover verdadeiramente...
Até quando vamos insistir num personagem que já não é feliz com o papel???
Boa Segundona para todos...
Beijos "interplanetários"...





Olhe para todos a seu redor e veja o que temos feito de nós.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas, coisas e coisas, mas não temos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada.
Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível.
Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos o que realmente importa.
Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia...

(Clarice Lispector)

3 comentários:

Anônimo disse...

Nem tenho o que dizer.

Anônimo disse...

Aí Rexxina....!!
Gostei da sua otimização!! hahaha
Filosofia Otimizada.... isso foi algo inovador!
Mas mediante ao texto de Clarice... não poderia ser diferente...
Que realidade nua e crua não??!!
É para aqueles que possuem estômago para digerir... rsrsrs

Anônimo disse...

O meu silêncio, aqui, não é uma insuportável réplica. É uma oferenda de respeito...
Esse texto de Clarice, essa senhora que você sabe que eu odeio, pode muito bem ser lido juntamente com aquele texto sobre o medo daquele outro sujeito que eu também odeio... Parece que um completa o outro, não acha?